quarta-feira, 20 de maio de 2009

“Sou um ator representando um jornalista”

Oscar Filho, o repórter do “CQC” cuja especialidade é celebridades conversou com o blog Jornaliste-se na sua apresentação na cidade de Lorena – Vale do Paraiba.
Ele que dizia nunca usar um terno na vida, pois é filho de advogado, conta que sempre fez humor. “Sempre fui o engraçadinho da turma.” Artista do gênero comédia stand-up, o atualmente repórter viu sua vida mudar quando um produtor do "CQC" lhe ofereceu uma vaga no programa. “Ele viu um vídeo meu no Youtube e me chamou pra fazer.” A conversa com Oscar foi rápida, pois logo após iria apresentar seu show ao publico da cidade e mesmo aos estudantes da universidade Unisal.




Confira os melhores momentos da entrevista.

Jornaliste-se: Você não é jornalista por formação, mas exerce esse papel. Nos conte sobre seu começo nos palcos e agora a frente do CQC.
Oscar Filho: É muito interessante, porque eu queria ser ator. Nasci em Atibaia e queria ir pra São Paulo fazer teatro, assim, comecei a caminhar pelo humor naturalmente, fazendo peças engraçadas, quando vi que tinha tino pra coisa. Sempre fui o engraçadinho da turma, e por causa do Stand Up, um vídeo meu foi parar no Youtube, e foi visto pelo diretor do CQC na Argentina, assim me chamaram pra fazer. Faço uma coisa que não esperava nunca, fazer parte de um programa de TV dessa forma, como um jornalista de humor, que na verdade é repórter, já que jornalista eu não sou. É muito louco!
Meu pai é advogado e queria que eu também fosse, mas disse que nunca iria colocar um terno na minha vida pra trabalhar e ironicamente eu estou trabalhando com terno. A vida dá umas voltas muito loucas!

J: Como é o trabalho feito para que o humor do CQC não se torne cansativo?
OF: O CQC foi bastante elogiado no ano passado(2008), e virou um pouco a menina dos olhos da TV. Acho relativamente fácil isso acontecer porque é uma novidade. Nosso principal objetivo era mudar em relação ao ano anterior. Em 2008 teve eleição, copa, uma série de coisas que davam recheio e molho ao programa, agora não tem nada, então teremos que inventar uma maneira de fazer essas reportagens de um jeito que seja novo pro publico, renovar piadas. Inclusive, tem quadros novos lançados. É uma coisa que se tem pensado e que preocupa.

J:Como as matérias são escolhidas? Busca-se informação ou fofoca?
OF: A pauteira do programa, Maira, procura eventos ou coisas relacionadas a política. Por exemplo, Daniel Dantas ou o cara do Castelo. Uma coisa que seja passível de tirar humor e não constrangedor. Não vamos cobrir a morte de uma pessoa, porque precisamos colocar humor nas matérias. Então, a pauteira vê os fatos e distribui pra cada repórter.

J: Há uma forma de não tornar o humor escachado?
OF: Nunca foi conversado em reunião.O diretor nunca nos proibiu de fazer nada, não há censura. Isso era o meu principal problema, porque fui o ultimo a entrar, faltando duas semanas pra começar o programa e não sabia como fazer exatamente aquilo. Os outros já tinham feito teste, matéria, e eu aprendi fazer fazendo o programa. Não teve ninguém pra me falar como eram as coisas, o diretor tinha outros problemas pra resolver. Assim, a equipe inteira tem bom senso, ninguém dá uma idéia inviável e todos pensam igual. O que é muito louco! Há um limite do bom senso e do escachar. É uma preocupação anterior ao programa, isso não foi ensinado.

J: Você tomou uma “revistada” do diretor Hector Babenco, você se sentiu emocionado com esse gesto de carinho do cineasta?
OF: Eu fiquei espantado, porque esperava qualquer tipo de reação. Ele me xingar, ficar quieto, virar as costas e ir embora, menos bater. Porque é a mesma que alguém me fazer uma pergunta, eu levar a mal e bater. Bater passa do limite, ele escachou. Fiz uma pergunta que é ferina e ele tem gabarito, intelecto suficiente para responder verbalmente e não fisicamente. Achei estranho, não esperava isso dele.


J: O CQC entrevista diferentes profissionais. Você acredita que as pessoas tiveram que aprender ao modo como são abordadas?
OF: A abordagem já teve ruptura com o Pânico. No começo ninguém sabia quem era o Pânico, assim como no CQC em relação à abordagem não tradicional ou fazer uma pergunta normal e às vezes só elogiosa pra pessoa. Então, quando o CQC chegou, as pessoas já estavam mais preparadas. Inclusive, isso foi até um pouco negativo, porque as pessoas não sabiam exatamente o que ia vir. Ficava a dúvida de quem era o CQC e a que eles vieram. Acho que conforme o tempo foi passando as pessoas foram aprendendo o que é e a que viemos. No começo, ouvia as pessoas afirmando que íamos sacanea-las, agora já não ouço mais, porque a pessoa sabe que não vou zua-la. É não rir dê, mas ir com. E assim, as pessoas aprenderam a olhar o Pânico e o CQC de formas distintas.

J: Você acha que é uma tendência essa mistura do humor com jornalismo?
OF: A arte do século 21 é a edição. Aprendendo a editar, faz-se o que quiser. Antigamente as pessoas não sabiam e assim era apenas o cara perguntava e respondia, e não tinha corte. Então, o jornalismo com humor é uma edição. Está mesclando duas coisas que dá uma terceira coisa essencial. Não sei se isso é uma tendência, mas sim o misturar coisas pra ter novas. Precisam acontecer coisas novas.

J: Está em processo o diploma de jornalista, como você vê isso trabalhando como tal, sem ter formação
OF: Considero o trabalho que faço como não jornalismo, porque sou um repórter na medida em que pergunto. As perguntas que faço quando chegam pra mim já tem um formato, o tema, e eu coloco as piadas. Para mim, o trabalho que faço no CQC é muito mais de humorista, é um ator representando um repórter, um jornalista, do que um jornalista de fato. Nunca vou falar que sou um jornalista.
Colaboração: Lauren Moraes

4 comentários:

  1. Muito legal o blog de vocês! Gostei da entrevista do pequeno pônei, parece ser um cara bem consciente. Especialmente quando ele reconhece que não se faz jornalismo no CQC.

    PS- O nome do blog é genial!

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  2. OI William, obrigada pelo comentário!
    Foi muito bom poder entrevistar o Oscar, ele é super simpático!

    E qualquer sugestão de pautas, nos comunique!

    Obrigada!

    Beijos

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  3. Ola Milena.. parabéns pela iniciativa.
    O jornalismo precisa de profissionais como você.
    P.R.

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  4. Adorei a entrevista! Parabéns pelo blog, Milena.

    Beijo

    Paula Formagio

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